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A preocupação é que esses países, que seguem padrões sanitários e comerciais semelhantes aos norte-americanos, recuem nas negociações com o Brasil.
A declaração foi feita em meio à repercussão da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada nesta semana por Trump. A medida, que inclui a carne bovina, pode gerar perdas de até US$ 1 bilhão apenas no segundo semestre, conforme estimativa da própria Acrimat. Os efeitos já são sentidos no setor, com frigoríficos suspendendo compras e pecuaristas enfrentando insegurança diante da possível retração nos abates.
“Estamos esperando, rezando para que o mercado coreano e o japonês abram. Já paramos de vacinar, o que é um passo importante. Delegações do Japão já estão visitando o Brasil para avaliar a possibilidade de compra. Mas, infelizmente, Japão e Coreia se espelham muito no mercado americano, especialmente em relação a critérios sanitários”, alertou.
O temor é que a retaliação americana crie um efeito cascata e afaste esses países do Brasil justamente no momento em que o país avançava nas exigências para conquistar esses mercados.
“Eles podem usar essa medida dos Estados Unidos como justificativa para não comprar nosso produto agora. E isso seria um baque enorme, porque estávamos contando com a abertura desses mercados ainda este ano”, disse.
Segundo a Acrimat, a medida de Trump já impacta diretamente os produtores de Mato Grosso. Só no primeiro semestre de 2025, as exportações de carne bovina brasileira para os EUA movimentaram cerca de US$ 1 bilhão. Caso a tarifa se mantenha, o segundo semestre deve registrar prejuízo similar.
Além da perda de receita, Pereira alerta que o excedente de carne tende a ficar represado no mercado interno, pressionando o preço da arroba e afetando a rentabilidade do produtor.
“Essa carne não vai ser absorvida pelo consumidor. O impacto é direto no pecuarista, que já começa a vender por um valor menor. E o que mais preocupa é que o preço pode cair para níveis de dois anos atrás”, destacou.
A expectativa do setor é que o governo brasileiro atue com diplomacia e diálogo técnico para evitar a escalada do problema.
“O que esperamos das autoridades é que o bom senso esteja à mesa. A gente precisa de negociação com base em dados e não em ideologia. Essa decisão dos EUA já está fazendo estrago, e se contaminar outros mercados, o prejuízo será ainda maior”, reforçou.

Acrimat alerta que tarifa dos EUA pode influenciar Japão e Coreia, travando novos mercados para carne brasileira
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira, afirmou que o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de representar perdas bilionárias para a pecuária brasileira, pode prejudicar a abertura de novos mercados estratégicos, como o Japão e a Coreia do Sul.
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