Tarifaço de Trump escancara racha entre Eduardo Bolsonaro e Tarcísio

Horas depois, Paulo Figueiredo se manifestou sobre a atuação de Tarcísio no tarifaço. Ex-comentarista da Jovem Pan, o aliado de Eduardo nos EUA disse que Tarcísio “atrapalha sem nem saber”. Além disso, afirmou que o governador não tem acesso ao “mundo MAGA” —sigla dos apoiadores de Trump nos EUA— e é visto “como um aliado da China”.

Figueiredo tornou públicas as críticas que aliados do clã Bolsonaro fazem há meses nos bastidores. As reclamações seguem a linha de que ele tentar se posicionar como um candidato do centrão que faz oposição ao presidente Lula (PT).

Para eles, falta apoio à anistia e há silêncio sobre o STF (Supremo Tribunal Federal). As críticas de aliados da família Bolsonaro a Tarcísio se concentram principalmente em dois pontos: ele não defenderia a anistia aos acusados por tentativa de golpe e não enfrentaria o Supremo em seus discursos públicos.

Em ato recente na avenida Paulista, governador de SP não mencionou o Supremo. Aliados da família Bolsonaro viram seu discurso como o de um “presidenciável da direita”, usando pautas que dão votos junto aos eleitores de Bolsonaro, como atacar Lula e o PT, mas sem defender o assunto mais importante para Bolsonaro, que é a anistia. A expectativa era de que ele fizesse críticas contundentes ao STF e atacasse o ministro Alexandre de Moraes.

Anistia e 8 de Janeiro na mesa de Trump como moeda de troca. Eduardo e Figueiredo colocam a anistia aos acusados pelo 8 de Janeiro como crucial para a negociação do fim do tarifaço de Trump sobre o Brasil.

Tarcísio e Eduardo disputam vaga da direita em 2026. O governador é o nome que o centrão e parte do PIB apostam para a Presidência. O deputado licenciado, por sua vez, já disse que aceitaria “a missão”, caso o pai lhe pedisse. No universo político, é consenso que o escolhido deve ter o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Críticas públicas a Tarcísio são raras. Diversas postagens de aliados da família Bolsonaro levam a expressão “direita sem voto”, em uma referência velada a ele.

Protagonismo em negociação com Trump

Logo após anúncio de Trump, Eduardo se colocou como articulador de medidas que levaram ao tarifaço. Ele leu uma carta em que afirma: “Nós últimos meses, temos mantido intenso diálogo com autoridades do governo do presidente Trump – sempre com o objetivo de apresentar, com precisão e documentos, a realidade que o Brasil vive hoje. A carta do presidente dos EUA apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade”.

Medida de Trump ganhou repercussão negativa em setores produtivos e financeiro. Nas redes sociais, os governistas venceram a discussão, mostram levantamentos sobre o tema.

SP é o principal exportador aos EUA

Aliados afirmam que Tarcísio pode buscar outros caminhos para ajudar mercado paulista. Um deles cita a redução de impostos a setores eventualmente afetados pela aplicação da tarifa dos EUA. “Ele negociar por aqui desautoriza o que é feito por Eduardo lá fora”, afirma um aliado do deputado licenciado sobre o governador.

SP é o estado que mais exporta para os EUA. Dados da Amcham mostram que o estado respondeu por 31,2% das exportações do Brasil para os EUA no primeiro trimestre de 2025. O tarifaço atinge a indústria local e pressiona o governador.

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