O superávit comercial dos Estados Unidos em relação ao Brasil disparou no primeiro semestre de 2025, alcançando US$ 1,7 bilhão — um salto de cerca de 500% em comparação ao mesmo período do ano passado. O saldo positivo da balança comercial, que foi divulgado nesta sexta-feira (11/7) pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham, na sigla em inglês), deve motivar uma busca por soluções para evitar o tarifaço de Trump, defendeu a entidade norte-americana.
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Fundada em 1919, a Amcham é uma das maiores câmaras americanas fora dos Estados Unidos, e atua como ponte entre o setor privado e o poder público, com forte presença em temas de política comercial, tributária, regulatória e de internacionalização. Nesta sexta-feira, a organização reforçou em nota um apelo por uma solução diplomática antes que entre em vigor, em 1º de agosto, a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras anunciada pelo governo do presidente Donald Trump.
“O risco de uma nova escalada tarifária exige resposta coordenada e urgente. Estamos diante de um cenário que pode inviabilizar boa parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos, sobretudo de bens industriais, com prejuízos reais para ambas as economias”, afirmou Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
O dirigente pede uma posição diplomática “mais incisiva” por parte do Brasil a fim de conter os impactos da medida. “É preciso buscar uma solução pragmática e previsível, em favor do comércio bilateral e da preservação de empregos e investimentos”, agregou.
Segundo o novo Monitor do Comércio Brasil-EUA, a corrente de comércio entre os dois países cresceu 7,7% no semestre, totalizando US$ 41,7 bilhões — o segundo maior valor da série histórica. As exportações brasileiras para os EUA avançaram 4,4% e chegaram a US$ 20 bilhões, puxadas por produtos como carne bovina, que aumentaram 142% no intervalo, seguidos de sucos de frutas (74% mais), café não torrado (39% mais) e aeronaves (12,1% de crescimento).
Já as importações de produtos norte-americanos cresceram em ritmo mais acelerado: alta de 11,5%, somando US$ 21,7 bilhões. Isso fez com que os EUA ampliassem sua vantagem na balança comercial com o Brasil, enfatiza o comunicado da Amcham.
Apesar do desempenho positivo no acumulado, a Amcham chama atenção para os efeitos crescentes das tarifas em vigor sobre setores estratégicos das exportações brasileiras. Entre os dez principais produtos que registraram retração nas vendas para os EUA, oito estão sujeitos a sobretaxas, como celulose (decréscimo de 14,9% na comparação entre semestre), motores (queda de 7,6%), máquinas e equipamentos (recuo de 23,6%), entre outros segmentos.
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