Brasil demora a negociar e Trump 'dobra a aposta', diz ex-ministra da Agricultura

O Brasil está demorando para negociar as tarifas de importação com os Estados Unidos. Quem afirma é a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, senadora por Mato Grosso do Sul. Em entrevista à Globo News, a parlamentar afirmou que o país já deveria ter nomeado um negociador e batida à porta dos americanos em Washington, para discutir a situação, que pode trazer graves prejuízos à economia do país.

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“O Brasil precisa estar lá em Washington, abrindo essas negociações com o Departamento de Estado. O presidente Lula já deveria ter indicado alguém pata bater à porta e abrir essas negociações”, disse ela.

A senadora avaliou que, enquanto o Brasil não se movimenta para negociar, o governo Trump “dobra a aposta” ao anunciar uma abertura de investigação comercial, que inclui transações financeiras via PIX, desmatamento e até o comércio popular da Rua 25 de Março, no centro de São Paulo.

Tereza Cristina pontuou que a tarifa de 50% sobre as importações do Brasil também vai causar danos à economia dos Estados Unidos. Lembrou, no entanto, que o país é uma potência econômica, e, se o governo brasileiro “entrar nessa briga de peito aberto, vai perder”.

“O Brasil é o grande perdedor se não abrirmos esse diálogo e tentarmos estancar essas alíquotas. Acho que é muito ruim para o Brasil perder os Estados Unidos como parceiros”, afirmou.

Na visão da senadora, a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica pelo Brasil deve entrar em pauta só depois de esgotadas todas as possibilidades de diálogo. A própria legislação aprovada no Congresso e sancionada pelo Executivo em abril prevê escalas de negociação até a adoção de uma medida que chama de “punitiva”.

Tereza Cristina disse que as situações política e comercial devem ser separadas na discussão com os Estados Unidos. Questionada sobre a uso, pelo presidente Donald Trump, do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro como justificativa para as tarifas, afirmou que o americano adicionou uma “pitada” no assunto.

“Anistia, julgamento. É um problema interno. Tem que ser discutido no Brasil”, disse. “O Eduardo Bolsonaro está agindo como um filho preocupado com o pai”, acrescentou, referindo-se ao deputado, que, vive, atualmente, nos Estados Unidos.

Nesta terça-feira, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, se reuniu com os presidentes da Câmara, deputado Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre. Em uma mensagem de vídeo, os três defenderam a união em defesa da soberania nacional.

“Tenho convicção de que esse processo tem que ser liderado pelo Poder Executivo. Essa relação diplomática tem que ser feita pelo chefe de governo”, disse Alcolumbre, classificando o tarifaço como uma “agressão”.

“Assim como fizemos na lei da Reciprocidade, que aprovamos por unanimidade, estamos nos colocando na retaguarda do Poder Executivo, para, na ação do Parlamento, adotar as medidas que forem necessárias para o país sair dessa crise”, acrescentou Motta.

O Senado Federal aprovou, na terça-feira (15/7), a formação de uma comissão temporária para tratar das tensões entre Brasil e Estados Unidos com o Congresso americano. Uma comitiva de quatro senadores deve ir a Washington, capital americana, entre os dias 29 e 31 de julho.

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