Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) apostam em uma nova reação de Donald Trump após Bolsonaro se tornar alvo de busca e apreensão e de medidas cautelares. A expectativa dos bolsonaristas é que Trump “dobre a aposta” em seu apoio ao ex-presidente brasileiro e anuncie novas tarifas ou mesmo uma retaliação direta ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por ordem de Moraes, já confirmada pela Primeira Turma do Supremo, o ex-presidente foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica e está proibido de acessar redes sociais. Também deverá cumprir recolhimento domiciliar das 19h às 7h e está proibido de manter contato com embaixadores, diplomatas estrangeiros e demais réus ou investigados pelo Supremo.
Em uma mensagem em inglês publicada no X (antigo Twitter), Eduardo Bolsonaro disse que Moraes “dobrou a aposta” contra seu pai. Segundo ele, a decisão do ministro veio após a divulgação de um vídeo em que Bolsonaro agradece a Trump por uma carta enviada na última quinta-feira, 17, e afirma que querem tirá-lo do processo eleitoral por um “crime inexistente”. No post, Eduardo marca a conta de Trump e lista as medidas cautelares impostas por Moraes, entre elas a proibição de Bolsonaro se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros.
Alexandre de Moraes double down and after Bolsonaro’s video to @realDonaldTrump yesterday, Moraes ordered today to @jairbolsonaro:
1-Wear electronic ankle bracelet;
2-He cannot leave house between 7 p.m. and 7 a.m.;
3-He cannot use social media;
4-He is prohibited from… pic.twitter.com/AeJd0otELd
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) July 18, 2025
A carta mencionada por Eduardo foi escrita por Trump e endereçada a Bolsonaro na última quinta. Nela, o ex-presidente dos Estados Unidos afirma que o julgamento de Bolsonaro no STF por golpe de Estado “deve acabar imediatamente”.
“Compartilho seu compromisso de ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão – tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos – provenientes do governo atual. Tenho manifestado fortemente minha desaprovação tanto publicamente quanto por meio da nossa política tarifária”, escreveu Trump, relacionando tarifaço ao fim do que chamou de “regime ridículo de censura”.
Aliados de Eduardo acreditam que o deputado já está articulando uma resposta junto ao governo americano. Para o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), o filho do ex-presidente não precisa pedir nada.
“Cinco declarações públicas do Trump, uma carta ao presidente Bolsonaro ontem. Vocês acham que será necessário pedir alguma coisa?”, questionou o líder, acrescentando: “Alexandre de Moraes trucou o presidente Donald Trump.”
O vereador bolsonarista de São Paulo Adrilles Jorge (União Brasil) afirmou que “com certeza” Trump vai retaliar o Brasil após as medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro. Segundo ele, a decisão de Moraes representa uma “afronta pessoal” do ministro ao presidente americano.
“Trump com certeza vai retaliar, impor novas sanções ao Brasil. Sanções para limitar o crédito, a conta em banco e a pisada de Moraes em território americano”, disse. “Moraes está respondendo de maneira desesperada, dobrando a aposta, demonizando o próprio Donald Trump no pedido de cautelar contra Bolsonaro.”
Em entrevista ao estrategista Steve Bannon, ex-conselheiro de Trump, Eduardo Bolsonaro afirmou que o Brasil está “estabelecendo um novo modelo de censura nas mídias sociais” e pediu para os Estados Unidos “mandem uma resposta” para o que ele classificou como “regime”. “Não deixem que o modelo de censura brasileiro, ou o modelo de lawfare brasileiro, seja exportado para outros países”.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicou e depois apagou uma mensagem no X em que pedia ao ex-presidente Donald Trump o recuo da tarifa de 50% sobre importações brasileiras e a aplicação de sanções individuais a autoridades. Ele não citou nominalmente Moraes.
“O justo seria @realDonaldTrump suspender a taxa de 50% sobre importações brasileiras e meter sanção individual em quem persegue cidadãos e empresas americanas, viola liberdades, usa o cargo público para violar direitos humanos e implodir a democracia de um país para satisfazer seu próprio ego”, diz a mensagem que foi deletada.
O estrategista e conselheiro de Trump, Jason Miller, afirmou no X que a aplicação das medidas foi uma “jogada corajosa” de Moraes para “anunciar ao mundo que ele quer crédito total pela perseguição política e caça às bruxas” contra Bolsonaro. ” Agora sabemos quem realmente está governando o Brasil!”, escreveu.
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