Entenda em 5 pontos o motivo das medidas cautelares contra Bolsonaro


Resumo
O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu medidas cautelares do STF, incluindo uso de tornozeleira eletrônica, devido a suspeitas de risco de fuga, confissão de prática criminosa, ataque à soberania nacional, obstrução de justiça e articulações contra o Supremo.




Veja as primeiras imagens de Jair Bolsonaro com tornozeleira eletrônica após determinação de Moraes:

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a utilizar tornozeleira eletrônica nesta sexta-feira, 18, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida integra um conjunto de restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, fundamentadas em investigações da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

As medidas cautelares incluem:

  • Recolhimento domiciliar obrigatório das 19h às 6h
  • Proibição de aproximação de representações diplomáticas
  • Vedação a comunicações com outros investigados e autoridades estrangeiras (inclusive por intermediários)
  • Restrição ao acesso a redes sociais
  • Impedimento de contato com o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho

A seguir, confira cinco principais fundamentos que justificaram as medidas cautelares contra o ex-presidente:

Risco de fuga

A PGR apontou em documento enviado ao STF sobre risco de fuga do ex-presidente. A avaliação considerou o avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado e a possibilidade de Bolsonaro deixar o país para escapar da ação judicial. Esse fundamento embasou a decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor o uso de tornozeleira eletrônica como medida cautelar.

Confissão de culpa

Para Moraes, Bolsonaro confessou sua “consciente e voluntária atuação criminosa na extorsão que se pretende contra a Justiça brasileira” ao condicionar o fim da taxação imposta pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump ao Brasil à sua própria anistia.

O plano de fundo são as articulações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, com o governo Trump, que estariam instigando sanções contra o Brasil. 




Jair Bolsonaro (PL)
Jair Bolsonaro (PL)

Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

A fala do ex-presidente em questão, citada por Moraes na decisão, foi feita durante coletiva de imprensa na quinta-feira, 17, a respeito da ação penal que tem Bolsonaro e aliados como alvo e corre em paralelo, seguindo para os passos finais antes do julgamento. No momento, Bolsonaro comentava o parecer da PGR favorável à sua condenação pela trama golpista — caso no qual o ex-presidente se diz inocente.

Na ocasião, ao ser questionado sobre a tarifa adicional anunciada por Trump contra produtos brasileiros, Bolsonaro falou: “Vamos supor que Trump queira a anistia. É muito? É muito, se ele pedir isso aí? A anistia é algo privativo do parlamento. Não tem que ninguém ficar ameaçando tornar inconstitucional.”

Tarifas de Trump

O documento da decisão do STF cita também que o próprio Trump se manifestou sobre o tratamento dado a Bolsonaro no Brasil, chamando-o de “caça às bruxas”, quando anunciou a aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA a partir de 1º de agosto de 2025, justificando-a por supostos ataques do Brasil às eleições livres e à liberdade de expressão, além de práticas comerciais injustas.

A implementação do aumento de tarifas é vista como uma tentativa de criar uma grave crise econômica no Brasil, gerando pressão política e social sobre o Poder Judiciário, impactando as relações diplomáticas entre Brasil e EUA e interferindo no andamento do processo em que o ex-presidente é réu. As condutas de Bolsonaro e Eduardo consideradas “claros e expressos atos executórios e flagrantes confissões da prática dos atos criminosos”.

Ataque à soberania nacional e obstrução de Justiça 

A decisão de Moraes também considera que Bolsonaro e Eduardo estariam “atuando em conjunto” “nos atentados à Soberania Nacional” e com o objetivo de atrapalhar a ação penal em que o ex-presidente é réu por trama golpista. 

Usando como referência uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro destaca pagamentos feitos por Bolsonaro pai ao filho. Segundo a PGR, o ex-presidente fez uma transferência de R$ 2 milhões a Eduardo. Para o ministro, a “vultuosa contribuição financeira” é um dos fortes indícios do alinhamento de Bolsonaro às ações do filho. 

Além disso, a decisão também contém capturas de tela que mostram publicações feitas tanto por Eduardo quanto por Bolsonaro em que ambos defendem a postura adotada por Trump.

Articulações contra o Supremo 

Em operação realizada nesta sexta-feira, a Polícia Federal apreendeu documentos e valores em espécie na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os itens encaminhados ao STF está uma cópia da ação judicial movida pela plataforma Rumble contra o ministro Alexandre de Moraes nos Estados Unidos.

O documento encontrado pela PF faz parte do processo iniciado em fevereiro pela Rumble em conjunto com o Trump Media & Technology Group, empresa do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Na ação, as empresas acusam Moraes de censura e pedem que as decisões do ministro para remoção de contas de usuários da plataforma não tenham efeito legal em território americano.

Quanto aos valores apreendidos, a posse em residência não constitui crime por si só. No entanto, a legislação brasileira exige a declaração de valores superiores a US$ 10 mil quando do ingresso no país. A PF investigará a origem dos recursos encontrados.

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