A citricultura é uma das bases da economia rural no noroeste paulista, especialmente em municípios como Estrela d’Oeste, Cosmorama e Jales. Com o aumento de exigências técnicas e ambientais no setor, pequenos e médios produtores têm buscado alternativas para garantir produtividade, sustentabilidade e permanência no campo.
Nesse contexto, o projeto Fruto Resiliente, da Fundação Solidaridad, tem fortalecido a produção de laranja por meio de assistência técnica gratuita e personalizada, além de treinamentos, materiais educativos e acompanhamento direto nas propriedades.
Atualmente, mais de 500 produtores participam ativamente da iniciativa, que já atendeu mais de 800 citricultores desde seu início em novembro de 2019.
A Fundação Solidaridad é uma organização internacional sem fins lucrativos, que atua no desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas do agronegócio, promovendo práticas responsáveis, inclusão social e melhoria da produtividade.
Diagnóstico ambiental e boas práticas no campo
O trabalho começa com um diagnóstico detalhado da propriedade, que considera aspectos legais, ambientais e produtivos. A partir desse mapeamento, são oferecidas recomendações personalizadas para cada citricultor.
Entre as práticas incentivadas estão:
- Análise de solo e água para ajustes nutricionais
- Monitoramento e controle de pragas e doenças
- Adequação do uso de defensivos
- Armazenamento e descarte correto de embalagens
- Proteção de nascentes e áreas de preservação
“O feijão com arroz é o que resolve o problema dentro da propriedade. Uma das principais mudanças foi a análise de solo. Hoje, praticamente 100% dos produtores da região já fazem”, destaca o analista de campo Lucas Fim Torres.
Família Sentinello aposta no futuro da laranja
Em Estrela d’Oeste (SP), a família Sentinello carrega uma longa história ligada à terra. Os avôs de Elton Sentinello vieram da Itália com amor pela roça e começaram a vida rural cultivando café. Foi apenas nos anos 1980 que o pai de Elton iniciou o plantio de laranja, dando início à citricultura na propriedade. Hoje, é o filho quem conduz a produção
Em Estrela d’Oeste (SP), a família Sentinello carrega uma longa história ligada à terra. Os avôs de Elton Sentinello vieram da Itália com amor pela roça e começaram a vida rural cultivando café. Foi apenas nos anos 1980 que o pai de Elton iniciou o plantio de laranja, dando início à citricultura na propriedade. Hoje, é o filho quem conduz a produção, com base técnica e foco em sustentabilidade.
Com o apoio do projeto Fruto Resiliente, Elton tem feito ajustes no manejo e investido na recuperação de áreas. Ele destaca os resultados obtidos no pomar mais jovem, com dois anos e meio, onde já é possível ver frutos em diferentes estágios de desenvolvimento.


“A gente fica feliz de ver o resultado. Tudo isso veio do que o meu pai passou”, afirma.
A dedicação ao campo segue em família. A poucos quilômetros do sítio, o cunhado de Elton, ex-tesoureiro Fábio Martin, trocou a cidade pela zona rural e hoje cultiva mais de 4 mil pés de laranja. Ele conta que já havia participado da formação de pomares antes, o que serviu de base para tocar a nova propriedade. “Nos alegra muito acordar e trabalhar praticamente no quintal de casa”, destaca.
Enfrentando os desafios climáticos e sanitários
Em Cosmorama (SP), o produtor Jerônimo Antônio Segala, de 71 anos, enfrentava perdas por conta da leprose e do cancro cítrico. Com apenas três hectares, ele viu a produtividade cair até receber assistência técnica pelo projeto.
A análise da água revelou um pH de 7,6 — valor que comprometia a eficiência dos defensivos. Com a correção para pH 5, os sintomas da leprose foram controlados. Além disso, Jerônimo adaptou o local de armazenamento de defensivos e aprendeu o processo de devolução das embalagens.
“Hoje a gente guarda os vasilhames no lugar certo e depois devolve. Ficou ótimo”, conta.


Resultados que reforçam a permanência no campo
Com foco na sustentabilidade e no cumprimento da legislação ambiental, o Fruto Resiliente tem contribuído para melhorar a renda, a organização da produção e o planejamento das propriedades. Além disso, os produtores ganham condições para acessar programas de certificação, financiamento e inserção em mercados exigentes.
Entre os principais resultados estão:
- Redução de perdas por doenças e manejo inadequado
- Melhoria da fertilidade do solo
- Aumento da eficiência no uso de insumos
- Adequação ambiental das propriedades
- Retomada da confiança de produtores em continuar na atividade
“Produzir com responsabilidade, respeitar a legislação e buscar as melhores práticas não é mais escolha. É obrigação se o produtor quiser continuar vendendo”, reforça o gerente de programas da Fundação Solidaridad Guilherme Margarido Ortega.
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