A batata é a hortaliça mais produzida no Brasil. Por ser altamente versátil, pode ser preparada de diversas formas e, por isso, se tornou bastante popular. Atualmente é cultivada em uma área de cerca 123 mil hectares, com produção estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em cerca de 4,3 milhões de toneladas para este ano. Desse total, cerca de 40% devem ser destinadas à indústria e o restante consumido in natura.
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Com o objetivo de melhorar os sistemas de produção, alguns produtores de batatas estão apostando nos insumos biológicos como manejo complementar e ambientalmente mais amigável. Embora em sua maioria o cultivo da batata no Brasil ainda seja baseado em ferramentas químicas com alta efetividade, há sinais de esgotamento.
“Mesmo com sua eficácia, os produtos químicos vêm enfrentando desafios como escapes de pragas e doenças e pressão de seleção, além de preocupações ambientais. É nesse contexto que os biológicos entram, somando ao manejo convencional e trazendo benefícios concretos para a lavoura” explica Juliana Oliveira, agrônoma de campo da Corteva Biologicals.
Entre as vantagens do uso de biológicos, destacam-se maior controle de pragas e doenças, aumento da produtividade, melhora na qualidade dos tubérculos e manejo mais equilibrado do ecossistema agrícola. Quando aplicados corretamente, os insumos biológicos podem inclusive preservar a eficácia das moléculas químicas, prolongando sua vida útil no sistema de produção. “Os biológicos não são uma substituição, mas um complemento valioso”, reforça a especialista.
Aplicação no campo
Um dos pioneiros no uso de biológicos na cultura da batata é a Fazenda Água Santa, maior produtor de batatas do Brasil, com sete unidades distribuídas nos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás, que fornece batata para a empresa Bem Brasil Alimentos. “Como rotacionamos o cultivo de batata com cereais, começamos em 2018 a aplicar na batata os mesmos agentes biológicos usados no cultivo de cereais”, conta Israel Nardin, gerente de produção do grupo.
O resultado foi tão positivo que em 2020 foi construída uma biofábrica na fazenda de Perdizes (MG), com capacidade de produção de cerca e 60 mil litros por mês. “Conseguimos atender 20 mil hectares de aplicação e estamos estudando a instalação de uma outra unidade para a produção de outros agentes biológicos”, conta.
Segundo Nardin, a introdução dos biológicos deu mais sustentabilidade ao manejo e melhorou a qualidade da produção. O gerente calcula que em algumas áreas houve redução entre 15% e 20% do uso de químicos, já em outras embora não tenha sido registrada redução, ele considera que houve melhoria da eficiência da lavoura. “Cada área apresenta um resultado diferente, mas o sistema de cultivo como um todo foi melhorado”, diz.
Com o passar dos anos os agrônomos da Fazenda Água Santa aprofundaram os estudos dos microrganismos presentes no solo. Isolaram um microrganismo que apresentava um efeito melhor num problema específico e o sequenciaram.
“ Hoje multiplicamos esse organismo nativo e específico”, explica Nardin. Atualmente, a Fazenda Água Santa trabalha tanto com microrganismos adquiridos no mercado, quanto com cepas selecionadas na própria fazenda.
Controles
Para iniciar o uso de biológicos, o produtor deve ter certeza do que pretende: controlar uma praga específica, combater doenças de solo, melhorar o aproveitamento nutricional. Com esse diagnóstico em mãos, é possível contar com apoio técnico para escolher o produto mais indicado.
“O segredo está na integração inteligente. O produtor não precisa abandonar o que já faz, só precisa somar estratégias”, explica Juliana Oliveira.
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