O prejuízo vai além porque inviabiliza o Rota 22. Trata-se de uma série de viagens de três dias para estados do Nordeste programadas pelo PL. O ex-presidente pretendia usar as visitas para transferir seu capital político a candidatos ao Senado.
Mas, na avaliação de Bolsonaro, não haverá enfraquecimento. Durante entrevista ontem, ele disse que conseguirá manter a popularidade para ajudar aliados na campanha.
Bolsonaro deseja eleger 40 senadores ano que vem. Estão incluídos nessa cota nomes de partidos aliados. Ele terá de fazer isso sem o Rota 22, ferramenta desenhada sob medida pelo o senador Rogério Marinho (RN), secretário-geral do PL, em busca deste objetivo.
Todos os candidatos que concorrem com o número 222 serão escolhas pessoais de Bolsonaro. Ele quer ter um aliado por estado, e as viagens serviriam para agendas conjuntas, tornando claro ao eleitor quem tem a confiança do ex-presidente no estado visitado.
Lideranças políticas iriam fornecer argumentos políticos e econômicos aos candidatos de Bolsonaro. Haveria um foco no Nordeste, que historicamente prefere Lula e seus escolhidos pela associação a programas sociais.
O PL escolheu a região por entender que a esquerda está enfraquecida. As pesquisas apontam que Lula está com aprovação menor do que as médias obtidas no Nordeste em anos passados.
O partido percebeu um contraste. O PL está próximo do máximo de votos que pode obter no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Nordeste, a situação é diferente e o Rota 22 foi direcionado para aproveitar esta janela de oportunidade.
A região concentra grandes cidades. A Bahia, por exemplo, é o quarto colégio eleitoral do Brasil e havia 11,2 milhões de pessoas aptas a votar na disputa pelas prefeituras no ano passado.

Bolsonaro fora do ar
Toda esta engrenagem foi enterrada pelo STF. Havia oito viagens programas até o final do ano. A única que foi iniciada foi para o Rio Grande do Norte. Ela precisou ser interrompida no primeiro dia porque Bolsonaro passou mal e precisou ser operado. A falta de recuperação plena da saúde impediu a retomada até a decisão de Moraes.
As restrições do STF também inviabilizaram uma alternativa. Bolsonaro está proibido de usar as redes sociais. Aliados afirmaram que o efeito não é o mesmo de uma viagem, mas serviria para manter o ex-presidente em evidência.
O bolsonarismo também perdeu um substituto na última sexta. O ex-presidente diz acreditar que não haverá retorno de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para Brasil. Pai e filho entendem que o retorno levaria o STF a determinar a prisão do deputado licenciado.
Rotina alterada
Logo no primeiro dia de vigência, as restrições atrapalharam Bolsonaro. O ex-presidente dava entrevista coletiva na garagem do prédio onde fica a sede do PL em Brasília. Parou de falar quando um assessor fez um alerta.
Eram 17h20 e ele não podia estar na rua depois das 19h. A tornozeleira eletrônica apitaria e a polícia estava autorizada a levar Bolsonaro para a cadeia. O ex-presidente entrou no carro na mesma hora.
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