Restrições impostas pelo STF enterram estratégia de Bolsonaro para 2026

O prejuízo vai além porque inviabiliza o Rota 22. Trata-se de uma série de viagens de três dias para estados do Nordeste programadas pelo PL. O ex-presidente pretendia usar as visitas para transferir seu capital político a candidatos ao Senado.

Mas, na avaliação de Bolsonaro, não haverá enfraquecimento. Durante entrevista ontem, ele disse que conseguirá manter a popularidade para ajudar aliados na campanha.

Bolsonaro deseja eleger 40 senadores ano que vem. Estão incluídos nessa cota nomes de partidos aliados. Ele terá de fazer isso sem o Rota 22, ferramenta desenhada sob medida pelo o senador Rogério Marinho (RN), secretário-geral do PL, em busca deste objetivo.

Todos os candidatos que concorrem com o número 222 serão escolhas pessoais de Bolsonaro. Ele quer ter um aliado por estado, e as viagens serviriam para agendas conjuntas, tornando claro ao eleitor quem tem a confiança do ex-presidente no estado visitado.

Lideranças políticas iriam fornecer argumentos políticos e econômicos aos candidatos de Bolsonaro. Haveria um foco no Nordeste, que historicamente prefere Lula e seus escolhidos pela associação a programas sociais.

O PL escolheu a região por entender que a esquerda está enfraquecida. As pesquisas apontam que Lula está com aprovação menor do que as médias obtidas no Nordeste em anos passados.

O partido percebeu um contraste. O PL está próximo do máximo de votos que pode obter no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Nordeste, a situação é diferente e o Rota 22 foi direcionado para aproveitar esta janela de oportunidade.

A região concentra grandes cidades. A Bahia, por exemplo, é o quarto colégio eleitoral do Brasil e havia 11,2 milhões de pessoas aptas a votar na disputa pelas prefeituras no ano passado.

Eduardo Bolsonaro não deve voltar ao Brasil por medo de ser preso
Eduardo Bolsonaro não deve voltar ao Brasil por medo de ser preso Imagem: Saul Loeb – 20.fev.2025/AFP

Bolsonaro fora do ar

Toda esta engrenagem foi enterrada pelo STF. Havia oito viagens programas até o final do ano. A única que foi iniciada foi para o Rio Grande do Norte. Ela precisou ser interrompida no primeiro dia porque Bolsonaro passou mal e precisou ser operado. A falta de recuperação plena da saúde impediu a retomada até a decisão de Moraes.

As restrições do STF também inviabilizaram uma alternativa. Bolsonaro está proibido de usar as redes sociais. Aliados afirmaram que o efeito não é o mesmo de uma viagem, mas serviria para manter o ex-presidente em evidência.

O bolsonarismo também perdeu um substituto na última sexta. O ex-presidente diz acreditar que não haverá retorno de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para Brasil. Pai e filho entendem que o retorno levaria o STF a determinar a prisão do deputado licenciado.

Rotina alterada

Logo no primeiro dia de vigência, as restrições atrapalharam Bolsonaro. O ex-presidente dava entrevista coletiva na garagem do prédio onde fica a sede do PL em Brasília. Parou de falar quando um assessor fez um alerta.

Eram 17h20 e ele não podia estar na rua depois das 19h. A tornozeleira eletrônica apitaria e a polícia estava autorizada a levar Bolsonaro para a cadeia. O ex-presidente entrou no carro na mesma hora.

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