BRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com deputados e senadores da oposição. Após o encontro, os parlamentares anunciaram as prioridades do grupo com a volta das atividades legislativas, em agosto. O foco será aprovar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a anistia aos presos do 8 de Janeiro e a proposta de emenda à Constituição (PEC) do fim do foro privilegiado.
Além disso, o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), anunciou a formação de três subcomissões que trabalharão estratégias de comunicação ainda durante o recesso parlamentar, iniciado na última sexta-feira, 18.
A primeira comissão alinhará o discurso entre todos os parlamentares da oposição; a segunda será responsável por articulações na Câmara e no Senado para aprovar pautas de interesse bolsonarista; e a terceira será responsável por organizar manifestações pelo Brasil.
Gustavo Gayer (PL-GO) presidirá a primeira; Cabo Gilberto Silva (PL-PB), a segunda; e Zé Trovão (PL-SC) e Rodolfo Nogueira (PL-MS) presidirá a última.
No Senado já havia mobilização para o impeachment de Moraes – essa decisão cabe ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União -AP). No início de 2025, já tinham nove pedidos protocolados na Casa.
A PEC que trata do fim do foro privilegiado, por sua vez, está na Câmara. A tramitação persiste deste a década passada
O texto mais avançado veio do Senado Federal e já foi aprovado por lá. Resta apenas a aprovação no plenário da Câmara.
A anistia, por fim, está na Câmara dos Deputados e depende de deliberação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Bolsonaro chegou na Câmara no início da tarde e foi aplaudido por deputados e senadores apoiadores. O grupo então entoou um pai nosso diante das Câmaras, puxado pelo deputado federal Marco Feliciano (PL-SP).
Deputados bolsonaristas falaram com jornalistas na tarde desta segunda-feira, 21. Eles receberam bandeiras do Brasil autografadas por Bolsonaro.
Mais cedo, Moraes decidiu que a medida cautelar imposta a Bolsonaro que o proíbe de usar redes socais também inclui participação em lives em qualquer plataforma de redes socais, inclusive em contas de terceiros.
A decisão ressalta que Bolsonaro não poderá “se valer desses meios para burlar a medida, sob pena de imediata revogação e decretação da prisão”. Sóstenes chamou a decisão de “censura”.
Na última sexta-feira, 18, Moraes decretou uma série de medidas restritivas contra o ex-presidente, sob o ‘risco concreto de fugo. Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica e está proibido de acessar redes sociais e não poderá se comunicar com o seu filho, Eduardo, nem com diplomatas ou embaixadores estrangeiros.
Além disso, ele deverá ficar sob recolhimento domiciliar das 19h às 7h, em dias úteis, e durante todo o final de semana.
Após a operação da Polícia Federal na sexta-feira, a bancada do PL no Congresso Nacional fez uma reunião de emergência para definir estratégias de reação.
A jornalistas, oposicionistas tentaram atribuir a culpa das sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil, a Moraes e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A culpa de tudo é de Alexandre de Moraes e do presidente Lula”, disse a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
O plano inicial consistia em pedir a retomada das atividades da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Os presidentes das duas casas – Hugo Motta (Republicanos-PB), da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP), do Senado – decidiram por manter o recesso de duas semanas.
Com o afastamento das atividades, o PL decidiu por convocar sessões das Comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores da Câmara (ambas presididas por deputados por partido) para aprovar uma moção de louvor a Bolsonaro.
Na Comissão de Segurança, o requerimento tem a assinatura de membros do colegiado e é encabeçada pelo líder da oposição, Zucco (PL-RS). “Esta comissão entende como legítimo e necessário manifestar solidariedade formal ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, em respeito ao princípio da presunção de inocência, ao devido processo legal e à proteção dos direitos fundamentais”, justificou.
Na Comissão de Relações Exteriores, há dois requerimentos: um do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e outro do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), vice-líder da oposição.
Sóstenes disse que apresentou o requerimento porque, segundo ele, Bolsonaro, “recuperou o País da tragédia ao longo de 14 anos de gestões petistas. Ele então elenca 16 feitos ”faraônicos” do ex-presidente.
No total, mais de 30 deputados bolsonaristas vieram para Brasília mesmo com o recesso parlamentar.
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