Os advogados anotaram que Bolsonaro evitará novas manifestações até que Moraes esclareça o alcance de sua decisão. Foi como se perguntassem, com outras palavras, mais ou menos o seguinte: “Vai censurar?” Os rapazes da Polícia Federal não amanheceram na porta da casa do capitão. Sinal de que Moraes tem dúvida sobre a conveniência de uma prisão preventiva.
Tecnicamente, a coação exercida sobre o Supremo por Trump, em parceria com Bolsonaro e seu filho Eduardo, seria suficiente para encarceramento. Mas Moraes rumina ponderações políticas. Foi aplaudido ao impor restrições a Bolsonaro. Está na bica de atingir o apogeu, com a condenação da cúpula golpista. Precisa cuidar para não confundir o necessário com o excessivo.
A conjuntura está crivada de ironia. Durante a Presidência de Bolsonaro, jornalista destacado para acompanhar a agenda presidencial se sentia como correspondente de guerra enviado à zona de conflito. No campo de batalha do cercadinho do Alvorada, os torpedos do capitão eram rotineiros.
Bolsonaro chamou repórter de “idiota” e “ignorante”. Na falta de respostas, disse coisas como: “Pergunta pra tua mãe”. Ou: “você tem cara de homossexual”. Ou ainda: “Minha vontade é encher tua boca com uma porrada”. O cercadinho do Alvorada virou campo de batalha. Agora, tomado de súbita paixão pela imprensa, o capitão se escora na liberdade de imprensa para reivindicar o direito de expressar livremente em entrevistas toda sua dificuldade de expressão.
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