Drones e vespas favorecem controle de pragas em produção de abacate

Com 1,4 mil hectares de área total e cerca de 500 hectares dedicados ao cultivo de abacate de cinco variedades, a Carlini Avocado, localizada em Bernardino de Campos (SP), encontrou no controle biológico com drones uma alternativa eficaz e ambientalmente sustentável para lidar com a temida broca do abacate (Stenoma catenifer).

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Desde 2020, a empresa utiliza a tecnologia para fazer a soltura da Trichogramma pretiosum, uma microvespa que parasita os ovos da praga antes que eles se desenvolvam em lagartas, evitando que atinjam os frutos e causem prejuízos. Antes disso, a liberação do inseto era feita com cartelas penduradas manualmente nos pés de abacate, o que limitava a escala da ação.

A tecnologia é usada semanalmente e permite a liberação de cerca de 100 mil microvespas por hectare por meio de um drone equipado com um dispenser. O resultado, segundo Grazielle Furtado Moreira, bióloga e consultora em manejo integrado de pragas da Carlini, é uma cobertura mais homogênea da área e uma drástica redução na infestação.

“O uso do drone possibilitou ampliarmos a extensão da soltura”, explica Cecilia Whately, sócia-diretora da Carlini Avocado. “Praticamente zeramos o impacto das brocas. Com o drone, a distribuição do inimigo natural é mais eficiente e o rendimento é incomparável: enquanto um funcionário cobre três hectares por dia, o drone faz cinco hectares em quatro minutos”, acrescenta.

Além da eficiência, o controle biológico tem outros trunfos: não deixa resíduos no fruto e não agride o meio ambiente. “O impacto ambiental é zero. A microvespa vive cerca de 48 horas e é inofensiva para o consumidor e para outros insetos benéficos”, diz Grazielle.

Tratamento com vespas é somado a outros cuidados para diminuir perdas — Foto: Divulgação
Tratamento com vespas é somado a outros cuidados para diminuir perdas — Foto: Divulgação

Para manter o programa funcionando de forma precisa, a Carlini investe também em monitoramento constante das pragas. Monitores treinados percorrem os pomares em zigue-zague, avaliando a presença de insetos e definindo os momentos mais adequados para as aplicações.

“Fazemos também o uso de armadilhas com feromônio para entender o ciclo da mariposa e garantir a eficiência do manejo”, completa a especialista.

Além da Trichogramma, o controle biológico na Carlini envolve outros aliados, como fungos entomopatogênicos do gênero Beauveria e Metarhizium. “Com essas ferramentas, conseguimos manter as perdas em níveis economicamente aceitáveis, mesmo nas áreas orgânicas. A qualidade do fruto é igual ou superior à do cultivo convencional”, destaca Grazielle.

A mecanização, nesse caso, vai além da produtividade, avalia Cecília. “O uso do drone tanto para a soltura de mini vespas quanto para pulverizações pontuais é fundamental no nosso modelo de gestão. Eleva o nível técnico dos trabalhadores e reduz a necessidade de mão de obra manual”, pontua.

E ela reforça: “Treinamento é a base. Fazemos capacitações para os novos operadores e reciclagens frequentes com os monitores já experientes”.

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