O caso mais emblemático dessa estratégia ocorreu em Caxias, segunda maior cidade do Maranhão, onde a família Gentil domina a política desde os anos 1980. O ex-prefeito Fábio Gentil havia prometido durante seus dois mandatos a construção de um centro de iniciação ao esporte, obra orçada em mais de 4 milhões de reais, que nunca saiu do papel.
A situação mudou quando o sobrinho de Fábio, Gentil Neto, assumiu a prefeitura em 2025. O novo prefeito é filiado ao mesmo partido de Fufuca, o Partido Progressista. Em abril, durante as comemorações dos 100 dias da gestão Gentil Neto, o ministro esteve presente e anunciou que finalmente liberaria os recursos para o centro esportivo. “Temos já o recurso pra isso, vamos fazer muito mais”, declarou Fufuca na ocasião.
O evento também serviu para consolidar alianças políticas. O governador Carlos Brandão aproveitou a solenidade para anunciar que Fábio Gentil assumiria a Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária. Pouco depois, o Partido Republicanos formalizou apoio à candidatura de Fufuca ao Senado.
Essa articulação, no entanto, pode gerar constrangimentos futuros. O Republicanos é também o partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, potencial adversário de Lula em 2026. Questionado por Thais Bilenky sobre essa contradição, Fufuca respondeu: “O Republicanos declarou apoio, não fui eu que me filiei ao Republicanos, eu sou eleitor do Lula em 2026”.
Enquanto isso, a pressão interna no Partido Progressista cresce. O presidente da sigla, Ciro Nogueira, cobra publicamente a saída de Fufuca do ministério, argumentando que o partido deveria deixar o governo. Nogueira chegou a afirmar que o ministro chegou ao cargo por indicação do então presidente da Câmara, Arthur Lira, e não do partido.
Sobre as prioridades geográficas de sua agenda, Fufuca se defendeu dizendo que “o ministério, diferentemente do passado, é aberto a todos, que ele recebe qualquer município de qualquer estado, qualquer parlamentar”. Quando questionado sobre pressões para deixar o cargo, o ministro foi lacônico: “Desculpe, não estou dando entrevistas”.
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