Setor produtivo pede que governo esgote tratativas com EUA até fim de julho

A posição do setor produtivo brasileiro foi unânime ao pedir que o governo aposte nas negociações e esgote todas as possibilidades de tratativas com os Estados Unidos até o fim do mês para tentar reverter as tarifas de 50% impostas aos produtos nacionais. Há receio com os impactos de uma possível aplicação da lei de reciprocidade econômica, citada por Lula na semana passada.

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Na reunião desta terça-feira (15/7), com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, representantes de cadeias exportadoras mencionaram a importância da prorrogação do prazo para entrada em vigor das tarifas norte-americanos.

A preocupação maior é com produtos perecíveis e aqueles que já foram embarcados rumo aos portos dos EUA.

“O Brasil vai negociar, se não tiver evolução, deve pedir um adiamento formal”, disse uma fonte que participou da reunião. A estratégia será negociar, afirmou Alckmin depois da reunião. Alguns exportadores demonstraram preocupação com os contratos em vigor e outros em negociação.

Por outro lado, o governo pediu aos exportadores que reforcem a interlocução com importadores norte-americanos. A avaliação é que a pressão interna, de empresas dos EUA sobre o governo de Donald Trump, pode ajudar a sensibilizar a Casa Branca nessas negociações. Uma linha comentada foi o impacto que as tarifas podem causar, imediatamente, nos preços de alguns produtos aos consumidores do país, como café, carne e suco de laranja.

Um interlocutor do setor produtivo presente à reunião confidenciou que outro pedido feito é para que o Brasil “não provoque” mais os EUA e tire a conotação política da mesa de negociação comercial e econômica. As entidades querem “pragmatismo”.

A avaliação dos empresários do agronegócio foi a de que o Brasil aprenderá uma lição com esse episódio. “A economia deles é muito grande e muito forte. Vivemos falando da China, mas a força econômica dos americanos é muito importante”, disse uma fonte. Ela citou que as tarifas dos EUA atingem mais setores produtivos brasileiros.

Outro interlocutor relatou, no entanto, que há uma “dificuldade de negociação” por parte do Brasil. Como as decisões são tomadas pelo núcleo duro que circunda Donald Trump, não há indicação de quem acessar para tratar do assunto. Outro ponto citado é que as estruturas do governo americano também não receberam comandos claros sobre essas taxações.

“O grande desafio é entender e conseguir a interlocução”, relatou.

Marcio Ferreira, presidente do Conselho Nacional dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), disse que intensificou contatos com os importadores norte-americanos, que relataram preocupação com o cenário inflacionário. O dirigente ressaltou que os EUA não produzem café e que, portanto, não há competição com o produto brasileiro.

“Vamos achar uma solução e será benéfica para todos nós”, disse à imprensa após a reunião em Brasília.

“O ambiente é de negociação, urgência e manutenção das boas relações comerciais”, completou Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic).

Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), relatou que a safra de laranja está apenas no começo no Brasil e que o ambiente é de incertezas.

Cerca de 70% das importações de suco de laranja dos EUA são do produto brasileiro. “Temos a safra inteira para ser colhida sem saber se o nosso segundo maior mercado estará disponível ou não”, disse na coletiva. O maior mercado é o consumo interno. “A taxa inviabiliza, precisamos de diálogo, negociação e pragmatismo”, completou.

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