‘Vi velhinhos chorando, não tanque na rua’, diz Mauro sobre pedido da PGR para condenar Bolsonaro por tentativa de golpe

O governador Mauro Mendes (União) minimizou os atos do 8 de janeiro de 2023 e voltou a dizer que não enxerga elementos que caracterizem tentativa de golpe de Estado, ao comentar o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF).

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A manifestação da PGR foi encaminhada nesta segunda-feira (14) ao ministro Alexandre de Moraes e aponta crimes como organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de o STF acatar o pedido e condenar Bolsonaro, Mendes afirmou que não cabe a ele antecipar julgamento, mas disse enxergar “dois pesos e duas medidas” no tratamento dado aos atos.
“Eu, particularmente, vejo com certa cautela. Não conheço o processo, não conheço os elementos dos autos, mas como cidadão, olhando de longe, eu não vi golpe. Eu não vi tanque na rua, não vi um tiro sendo dado, não vi nada disso acontecendo”, argumentou.
Mauro reforçou que já se manifestou diversas vezes contra a invasão das sedes dos Três Poderes, mas ponderou que as punições precisam ser proporcionais à gravidade dos atos.
“Eu vi velhinhos, crianças chorando na porta de quartel, com a bandeira brasileira, cantando o hino nacional. Isso não é golpe, isso é manifestação. O 8 de janeiro, já condenei várias vezes, sou contra invasão, invadiram, erraram, depredaram. Tem que ser responsabilizado, tem que ser criminalizado. Agora, não para 15 anos de prisão. Tem gente que mata um cidadão e pega seis anos, oito anos de cadeia”, criticou.
Segundo ele, as penas pedidas pela PGR são desproporcionais em relação a outros tipos de crime.
“O cara vai lá, pinta uma estátua, invade, vai pegar 15 anos? Então o MST… tem alguém do MST preso aí nesse Brasil? Quantas propriedades foram invadidas pelo MST? Quem invadiu o Congresso? O Congresso não é mais importante que o lar, ou a fazenda, ou a chácara de ninguém. Se invadiu, tinha que estar preso também, e não está. Então existe dois pesos, duas medidas aí, e isso tem que ser dito”, disparou.
O governador também expressou preocupação com o ambiente político e institucional do país, que classificou como “confuso”.
“Eu respeito as autoridades, mas nesse momento eu vejo uma confusão, pelo menos à luz do que eu conheço, acontecendo nesse país. Isso não é bom para o curto, médio e longo prazo da nação brasileira”, finalizou.
O pedido da PGR
Na manifestação encaminhada ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que Bolsonaro e os demais réus sejam condenados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado. As penas máximas somadas ultrapassam 30 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, o pedido atinge nomes como os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, o ex-ministro Anderson Torres, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o tenente-coronel Mauro Cid, que, por ter firmado acordo de delação premiada, pode ter a pena suspensa.
O julgamento deve ocorrer até setembro, após a apresentação das alegações finais das defesas.

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