Uma parceria da re.green, de geração de créditos de carbono a partir de recuperação florestal, com a Nestlé e a Barry Callebaut pretende restaurar 8 mil hectares, com florestas nativas e sistemas agroflorestais formados por culturas consorciadas, como cacau e café, na Bahia e no Pará. As companhias planejam plantar 11 milhões de árvores, o que deve resultar na remoção de cerca de 1,5 milhão de toneladas de carbono em 30 anos.
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São dois projetos separados. O primeiro será financiado 60% pela Nestlé e 40% pela Barry para restaurar 6 mil hectares na Bahia e no Pará, ou seja, na Mata Atlântica e Amazônia. A maior parte das áreas será convertida nas lavouras de produtores rurais em sistemas agroflorestais com cacau e outras culturas. Também haverá reflorestamento de “alta densidade” em cerca de 600 hectares de Áreas de Proteção Ambiental (APPs) e Reservas Legais (RLs).
As duas empresas estimam plantar 7,7 milhões de mudas de cacaueiros e outras espécies nativas das regiões em 25 anos de contrato. A estimativa da Nestlé e da Barry Callebaut é que as áreas restauradas removam 600 mil toneladas de carbono no período.
As companhias agora trabalharão para engajar os produtores rurais na iniciativa. Para isso, foi desenvolvido uma espécie de “cashback”. A Barry Callebaut vai fornecer mudas para o agricultor aumentar a produção de cacau, com foco em produtividade.
“Uma vez que essa muda for efetivamente plantada, o produtor receberá um cashback de até 70% da Barry um ano e meio depois como forma de incentivo”, afirma Barbara Sapunar, diretora-executiva de Business Transformation e ESG da Nestlé Brasil. Para isso, haverá um acompanhamento de técnicos para avaliar se as mudas foram plantadas sob as orientações da equipe técnica do projeto.
O segundo projeto é exclusivamente entre a Nestlé e a re.green e não envolve produtores. A multinacional suíça vai financiar integralmente o projeto para reflorestar 2 mil hectares da Mata Atlântica no sul da Bahia, com plantio e cultivo de 3,3 milhões de árvores de espécies nativas.
Nessa segunda parceria, o contrato tem duração de 30 anos e expectativa de gerar cerca de 880 mil créditos de carbono certificados, informou a Nestlé. O modelo de reflorestamento será de “restauração ecológica”.
Thiago Picolo, CEO da re.green, explica que restauração ecológica “não é só plantar árvores”, afinal, uma floresta madura depende de polinizadores como pássaros, insetos e morcegos para equilibrar o ecossistema . “A meta é restaurar o ecossistema como um todo. Um hectare de floresta madura e de alta qualidade pode ter até 400 espécies diferentes”, diz.
A expectativa é que o projeto da Nestlé com a re.green crie cerca de 160 empregos diretos locais, além de vagas indiretas no Estado. Para Picolo, substituir a pecuária extensiva, que gera pouco emprego e baixa renda, por um projeto de restauração, é onde está a oportunidade. Preparo do solo, plantio, manejo, controle de pragas e monitoramento de floresta serão exigidos nos dois primeiros anos.
No caso do projeto com a Barry, a previsão é gerar 27 empregos diretos para profissionais nas áreas de coordenação, assistência técnica e gestão operacional, além de vagas indiretas para a manutenção das novas áreas de cacau.
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