Uma empresa de análise de informações de mercado com base em inteligência artificial, a Reflexity, calculou que a mudança na composição da Coca-Cola nos Estados Unidos, trocando o xarope de milho pelo açúcar, pode aumentar a demanda por açúcar em 1,4 milhão de toneladas ao ano. A informação foi mencionada em reportagem da agência Dow Jones Newswires.
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A companhia de IA fez o cálculo considerando que, para cada lata de 355 mililitros de Coca-Cola, são necessárias 39 gramas de açúcar.
A demanda adicional por açúcar nos EUA representa 20% de toda a demanda americana pela commodity.
Açúcar nos EUA
Trump mencionou especificamente em sua publicação na rede Truth Social que o açúcar que substituiria o xarope de milho seria oriundo da cana-de-açúcar. Nos Estados Unidos, porém, a maior parte do açúcar produzido domesticamente provém da beterraba, representando entre 55% e 60% desde o início dos anos 2000, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Se a determinação de originar todo o açúcar da cana for seguida, isso significaria que a produção americana de cana-de-açúcar teria que crescer 36%, também segundo cálculos da Reflexity.
Esse aumento teria que ocorrer com ampliação das áreas de cultivo de cana-de-açúcar e com instalação de mais capacidades instaladas de moagem de cana e de produção de açúcar no país. Segundo observações da plataforma de IA da Reflexity, esse crescimento levaria uns dois a três anos para se concretizar.
Atualmente, a produção de cana-de-açúcar nos EUA é concentrada na Flórida. Mesmo com a produção de açúcar de beterraba, o país já não consegue produzir todo o açúcar que consome, e tem que importar todo ano cerca de 3 milhões de toneladas de açúcar.
Importação – e inflação
Desta forma, a maneira mais rápida para atender a nova demanda pela nova formulação da Coca-Cola seria recorrer a mais importações, elevando as compras do mercado externo em cerca de 50%.
A alternativa, porém, geraria inflação no curto prazo, já que as importações estão ficando mais caras com o tarifaço de Trump. O Brasil, que é um dos principais fornecedores do açúcar importado pelos EUA e hoje ocupa parte da cota de importação isenta de tarifas, pode ter suas exportações ao país taxadas em 50%.
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