O presidente Lula (PT) voltou a falar que pode disputar a reeleição em 2026 para evitar que a direita retorne ao Planalto e, sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que “eles não voltarão”.
O que aconteceu
“Eu não vou entregar esse país à volta daquele bando de malucos que quase destrói esse país nos últimos anos”, disse Lula, em evento no Ceará. “Podem estar certo disso: eles não voltarão. E eles não voltarão não é porque o Lula não quer, é porque vocês não vão deixar eles voltarem.”
O presidente não fez menção à operação da Polícia Federal contra Bolsonaro nesta manhã. O ex-presidente foi escoltado à superintendência da PF e colocou uma tornozeleira eletrônica para ser monitorado 24 horas por dia, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Lula voltou o fim do discurso em Missão Velha (CE) a 2026. Ele não citou nominalmente Bolsonaro nem outros presidenciáveis, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas cutucou. “Se preparem, porque tem muito candidato na praça. Todo dia eu vejo uma pesquisa que tem candidato aqui e candidato lá”, disse o presidente.
Ele também voltou a dizerque só decide se concorrerá no início do ano que vem, embora já seja dado como certo em todos os círculos do governo e do PT. “Eu tenho que conversar com a minha consciência, tenho que conversar com a minha própria consciência e conversar com vocês”, afirmou Lula.
Lula lidera todos os cenários de primeiro turno para as eleições presidenciais de 2026. Em segundo turno, aparece numericamente à frente dos adversários, mas, no caso de duelo com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem empate técnico no limite da margem de erro, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem.
Apesar das falas de Lula, nem o Planalto nem o PT têm plano B como candidato. A cúpula governista diz entender que qualquer outro candidato de centro-esquerda seria derrotado no ano que vem pela centro direita. O partido segue fazendo a mea culpa de que não conseguiu arrumar um sucessor ideal para o presidente, que faz 80 anos em outubro.
Este era um dos principais desafios para este mandato, o que acabou não se concretizando. Com o crescimento da centro-direita entre lideranças municipais e estaduais, governistas dizem que todo o esforço deve ser voltado para reeleger o presidente e, a partir daí, buscar e calibrar novas lideranças.
Operação contra Bolsonaro
O ex-presidente não poderá se comunicar com outros réus e investigados, como o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado está licenciado nos Estados Unidos e diz ser o principal elo do bolsonarismo com o governo de Donald Trump.
A casa de Bolsonaro e escritório do PL, ambos em Brasília, foram alvo de busca e apreensão. Foram apreendidos cerca de US$ 14 mil e R$ 8.000 na residência do ex-presidente, além de um pen drive no banheiro.
Advogados de Bolsonaro disseram que receberam a operação “com surpresa e indignação”. Eles argumentaram que sempre cumpriram todas as determinações da Justiça e disseram que irão falar mais quando conhecerem a decisão judicial — a operação de hoje faz parte de uma ação sigilosa.
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