O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou hoje que não imaginava que Donald Trump fosse adotar tarifas contra produtos brasileiros como primeira medida de retaliação aos supostos abusos do STF no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O que aconteceu
“Não era o meu desejo”, disse Eduardo sobre tarifas. “Sempre trabalhei para sanções individuais contra o Alexandre de Moraes. Mas o presidente Trump, dentre as alternativas dele, escolheu essa”, afirmou o deputado.
Apesar de declarações, Eduardo afirmou que Trump acertou ao taxar produtos brasileiros. “Eu acho que o presidente dos EUA acertou na decisão dele”, concordou com ele o influenciador Paulo Figueiredo, que também participou da entrevista concedida ao podcast Inteligência Ltda.
Eduardo afirmou que embaixadora do Brasil não é recebida no Departamento de Estado dos EUA. Procurado pelo UOL, o Itamaraty ainda não esclareceu se a informação procede ou não. O deputado também criticou a formação de uma comissão pelo Governo Lula para tentar negociar o tarifaço junto às autoridades americanas.
“Gostaria de retomar o meu mandato”, disse Eduardo. Ele afirmou que aposta na aprovação de um projeto de lei que o permitiria participar de forma remota das sessões como caminho para que consiga manter o exercício da função. Em 2022, Eduardo foi o 3º deputado mais votado de São Paulo, com mais de 740 mil votos.
“Em 2022, o Brasil foi vítima de um verdadeiro golpe”, afirmou neto de ditador em entrevista. Neto do general João Figueiredo, último presidente da ditadura (1964-1985), Paulo Figueiredo disse que Moraes deu um golpe ao conduzir o processo eleitoral de maneira supostamente enviesada para favorecer Lula (PT).
PGR (Procuradoria-Geral da República) vê o caso de maneira diferente. O órgão denunciou Bolsonaro e outros membros do seu governo por uma conspiração para o grupo se manter no poder após ser derrotado nas eleições. O caso deve ser julgado em agosto pelo STF.
Figueiredo afirmou que Brasil pode ser alvo de “uma nova leva de sanções de vistos”. O influenciador afirmou que é “extremamente possível” que o país sofra nova restrições, de forma “mais abrangente” que as adotadas até agora e que podem atingir “inclusive [pessoas] do Poder Legislativo”. Moraes, Luís Barroso e Gilmar Mendes (ambos ministros do STF) e Paulo Gonet (chefe da PGR) foram nominalmente citados por Figueiredo como prováveis alvos de sanções.
Deputado diz que não renunciará
“Se eu quiser, eu consigo levar meu mandato, pelo menos, até os próximos três meses”, afirmou Eduardo em live no último domingo. Ele deu a declaração no dia em que se encerrava sua licença do cargo na Câmara dos Deputados.
Congresso está em recesso até o começo de agosto. Com a situação, Eduardo não corre o risco de perder o mandato agora. Pelas regras da Câmara, ele pode faltar até 44 sessões neste ano sem perder o mandato. Até o momento, o parlamentar tem quatro faltas registradas.
“Não vejo a possibilidade de eu voltar agora”, disse Eduardo sobre volta ao Brasil. “Se eu voltar, o Alexandre vai me prender”, explicou à Folha. “Só preciso me pronunciar definitivamente após o recesso. Tenho a opção de não renunciar, deixar o tempo correr e perder o mandato por falta”, acrescentou.
Deputado saiu de licença em março. À época, ele anunciou que ficaria nos Estados Unidos para buscar punições contra autoridades brasileiras envolvidas em processos que investigam seu pai junto às autoridades americanas.
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