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A chamada Dieta Planetária, ou Dieta EAT-Lancet, o mais conhecido exemplo de dieta sustentável, favorece não só o meio ambiente, mas a saúde. A forte presença de frutas, hortaliças, grãos integrais, oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas…) e leguminosas (feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico e afins) parece estar por trás dos benefícios.
Esses alimentos são ricos em fibras, gorduras benéficas, sais minerais e vitaminas, além de substâncias de ação antioxidante. Estudos já evidenciaram que a maioria desses componentes atua no equilíbrio das taxas de colesterol, do controle glicêmico, da pressão arterial e no combate às inflamações, entre outros efeitos cardioprotetores.
O destaque vai para as fibras, as gorduras mono e poli-insaturadas, os minerais como o magnésio, além dos compostos antioxidantes, caso dos polifenóis e dos carotenoides que dão cor aos vegetais.
Também conta pontos a favor a diminuição do consumo de carne vermelha, que geralmente é rica em gordura saturada, cujo excesso tem sido atrelado ao aumento do risco cardiovascular.
Há outros benefícios relacionados aos padrões alimentares sustentáveis. Esse tipo de dieta costuma conter alimentos de baixa densidade energética e, por isso, pode auxiliar no controle do peso. Há ainda indícios de que o cardápio ajude a afastar alguns tipos de câncer, como o de intestino.
O modelo sustentável
Embora a Dieta Mediterrânea abarque preceitos que colaboram para o meio ambiente, a Dieta Planetária, criada em 2019 a partir de um relatório, é considerada o maior modelo de sustentabilidade.
O documento foi elaborado por uma comissão com 37 estudiosos de 16 países, chamada EAT-Lancet. Além de recomendar uma ingestão maior de vegetais e a diminuição no consumo de itens de origem animal, os cientistas preconizam a redução do açúcar de adição.
No artigo também são enfatizadas questões como a utilização de água na produção de alimentos, o combate ao desmatamento e a redução da emissão de gases de efeito estufa.
O que faz uma dieta ser sustentável?
Para ser considerada sustentável, a dieta precisa se adaptar às necessidades específicas de cada população. Além de trazer benefícios para a saúde humana e a do planeta, deve ser culturalmente aceitável, economicamente viável e de fácil acesso.
Uma sugestão é priorizar os pequenos produtores, da agricultura local. Ao privilegiar o que está mais próximo, a tendência é de reduzir a emissão de carbono e demais poluentes, afinal, a comida não vai precisar viajar muitos quilômetros para chegar até a mesa do consumidor.
Trata-se de uma estratégia que também ajuda a valorizar itens regionais, enaltecendo a biodiversidade brasileira e combatendo a monotonia alimentar. Outra dica é optar, sempre que possível, por orgânicos, já que o cultivo é feito a partir de um maior zelo com o meio ambiente, e esses alimentos não oferecem riscos à saúde, desde que higienizados com capricho.
Priorize alimentos da época
Dietas sustentáveis destacam ainda a importância da sazonalidade – frutas, verduras e legumes da época são mais saborosos e apresentam menor custo. Aliás, privilegiar o que é sazonal não vale só para o reino vegetal, mas inclui os pescados. Comprar peixes da temporada é uma atitude que respeita o tempo de reprodução e o tamanho das espécies, reduzindo o risco de extinção e garantindo alimento mais fresco.
Por fim, é sempre fundamental salientar o combate ao desperdício. Muita comida vai parar no lixo, seja nos domicílios, seja em outras etapas da cadeia produtiva, desde o campo até o comércio.
Para minimizar o problema, a sugestão é começar pelo planejamento do cardápio e das compras. Outra recomendação é aproveitar os alimentos de maneira integral: talos, folhagens e até cascas podem entrar em receitas de tortas, bolos, sopas e tantas preparações.
A transição para uma dieta sustentável é um processo gradual e individualizado, depende das condições e da rotina de cada um. Mas pequenas mudanças já são capazes de promover um impacto positivo para a saúde e o planeta.
Fontes consultadas: Gabriela Mieko Yoshimura, nutricionista do Espaço Einstein de Reabilitação e Esporte, do Einstein Hospital Israelita; Evangelia Damigou, nutricionista da Universidade Harokopio, na Grécia. Este texto foi originalmente publicado em reportagem da Agência Einstein.
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